“Amolou o facão só para cortar meus dedos”, diz criança que denunciou os pais por tortura

O garoto teria fugido de casa para denunciar os maus-tratos e foi encontrado com marcas de violência por todo o corpo. 

Garoto foi encontrado com marcas de violência por todo o corpo | © Reprodução

Garoto foi encontrado com marcas de violência por todo o corpo | © Reprodução

A Polícia Civil de Itu, em São Paulo, pediu a prisão de um casal suspeito de agredir e torturar o próprio filho de apenas 11 anos. Na última segunda-feira (2/5), o garoto teria fugido de casa para denunciar os maus-tratos e foi encontrado com marcas de violência por todo o corpo.

Em depoimento à polícia, o garoto contou que conseguiu escapar porque avistou o pai amolando um facão que seria para cortar os dedos dele, por ter usado R$ 4 para comprar um pão de queijo. Ele revelou ainda que o simples fato de pegar uma fruta na geladeira já era motivo para ser agredido.

O menino morava com os suspeitos, que estão foragidos, no bairro Vila da Paz, região do Pirapitingui. O caso só foi descoberto porque a vítima contou tudo para um amigo, que pediu ajuda de adultos. Segundo o menino, as agressões físicas e psicológicas já aconteciam há pelo menos cinco anos.

Em um vídeo gravado por moradores que ajudaram a criança, ela mesma dá detalhes das agressões que muitas vezes eram feitas com fio e diz que era obrigada a mentir sobre os ferimentos. “Pedia para mim inventar coisas, pede para mim não falar. Caí de bicicleta, caiu de árvore”, relatou.

A mãe da criança já possui um histórico nos meios policiais. De acordo com a Polícia Civil, a mulher chegou a ser presa em 2013, suspeita de matar outro filho, irmão gêmeo do garoto que teve o caso de tortura denunciado. Ela, porém, acabou solta, respondendo em liberdade.

Segundo o 4º Distrito Policial de Itu, o menino fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba, nesta terça-feira (3), para avaliar os machucados. Ele ficou sob os cuidados do Conselho Tutelar. Ainda de acordo com a PC, a investigação correrá em sigilo para proteger a vítima.