Em carta a vizinhos, adolescente denuncia agressões do pai por ser gay

Após o pedido de socorro, os vizinhos gravaram o momento em que o homem bate no garoto e enviaram o áudio à Polícia Civil.

Menino tinha escoriações pelo corpo — © Jacqueline Lisboa/Esp. Metrópoles

Menino tinha escoriações pelo corpo — © Jacqueline Lisboa/Esp. Metrópoles

Um adolescente de 14 anos denunciou, por meio de uma carta endereçada aos seus vizinhos, as agressões praticadas pelo pai por ele ser homossexual, em Jataí, no Sudoeste de Goiás. O homem foi detido na última quarta-feira (05/05) e negou que o motivo da agressão tenha sido a orientação sexual do filho.

“O monstro quebrou meu telefone tá, mas ele não vai me impedir de falar com você. Já sentiu a sensação de que você não presta para ninguém? Estou sentindo isso. Está doendo muito aqui dentro. Me ajuda, por favor. Não aguento mais. Estou no maior desespero da minha vida”, dizia o bilhete.

Após o pedido de socorro, os vizinhos gravaram o momento em que o homem bate no garoto e enviaram o áudio à Polícia Civil. Na gravação, é possível ouvir as agressões e ameaças: “Você tem que mudar, você sabe por quê? Porque se você não mudar, eu te mato, eu te arrebento”.

De acordo com a delegada responsável pelo caso, Paula Daniela Ruza, a polícia foi até o local após uma denúncia anônima e confirmou que o menino tinha escoriações pelo corpo. Nas fotos tiradas pelos policias, também é possível ver marcas de agressões no corpo do garoto.

“Ele disse que não se importa, que aceita e já tinha conversado com o adolescente, mas o pegou acessando vídeos pornográficos pelo celular e não controlou a raiva”, disse a delegada, acrescentando que o pai deve responder por crimes de ameaça e lesão corporal.

Além do homem, estava no imóvel a madrasta do adolescente, que afirmou aos policiais que estava ciente das agressões, porque o menino “tem tendência à homossexualidade”. Por este motivo, segundo a delegada, a mulher pode ser indiciada por omissão.

O caso segue em investigação e, inicialmente, não se enquadra como conduta homofóbica. A delegada informou que os próximos passos serão ouvir os vizinhos e analisar o conteúdo da carta. “Se durante a investigação, comprovar que foi isso, ele [o pai] pode responder por um crime mais grave”, afirmou.