A doutora Nise Yamaguchi foi ouvida como convidada pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, nesta terça-feira (01/06), sobre a sua participação no chamado ‘gabinete paralelo’ do Ministério da Saúde, e sobre a sua eventual influência sobre o presidente em estimular o tratamento precoce com a cloroquina.
Um levantamento da agência de checagem Aos Fatos, apontou que a médica oncologista apresentou diversas informações falsas durante o seu depoimento. Confira um resumo delas:
#01 “Nunca teve encontros privados com Jair Bolsonaro”
Essa informação é falsa, pois a própria médica afirmou, durante uma entrevista, que Bolsonaro fala com ela sempre e sem intermediários. Além disso, Yamaguchi consta em uma reunião reservada com o presidente numa agenda do dia 15 de maio de 2020 no Palácio do Planalto.
#02 “O Amapá tem uma das menores taxas de mortalidade do mundo”
A médica disse que o tratamento precoce fez com que o Amapá tivesse uma das menores taxas de mortalidade do mundo, o que, claramente, não é verdade. Na verdade, segundo as estatísticas, se o Amapá fosse um país, o estado teria a 15ª maior taxa de mortalidade por Covid-19 entre as 190 nações monitoradas pela Universidade Johns Hopkins.
#03 Pesquisa feita em Nova York concluiu que o lockdown por si só não teria eficácia
Essa informação foi rapidamente contestada e logo constatada como falsa, pois a pesquisa feita em maio de 2020, na verdade, reforçou a necessidade do distanciamento social.
#04 O México recomenda o uso de hidroxicloroquina contra a Covid-19
Essa foi outra informação falsa dita pela médica durante o seu depoimento. Pois, na verdade, o México não indica mais o uso da droga como eficaz no combate à Covid-19 desde agosto de 2020.
#05 “Tratamento precoce” reduz mortes e casos graves de Covid-19
Embora tenha levado um acervo de documentos, na tentativa provar a eficácia do tratamento precoce, nenhum estudo sério foi capaz de comprovar que a medida evita mortes ou casos graves de Covid-19.
#06 Universidades europeias projetaram 1,15 milhão de mortes por Covid-19 no Brasil até abril
Não se trata de uma projeção feita por mais de uma universidade, como disse a médica, o fato é que o Imperial College of London estimou que, caso nenhuma medida de contenção da pandemia fosse adotada pelo Brasil, até dezembro de 2020, e não abril, teríamos 1,15 milhão de mortes.
Em outro cenário, a mesma universidade projetou 44,2 mil mortes em 2020, caso fossem aplicadas medidas rígidas para conter a disseminação da doença.
#07 Participou da criação do comitê de crise do Ministério da Saúde que enfrentou a pandemia de H1N1 em 2009
Essa informação foi desmentida ainda durante o seu depoimento à CPI, pelo ministro da Saúde à época, José Gomes Temporão. Segundo ele, a doutora Nise Yamaguchi foi apenas uma representante da pasta em São Paulo.
#08 Estudos da Fundação Henry Ford sobre a hidroxicloroquina atestou sua eficácia para tratar precocemente a Covid-19
O estudo que a médica citou diversas vezes como base para defender o tratamento precoce, na verdade, foi descontinuado em dezembro de 2020, sem comprovar a eficácia do medicamento contra a Covid-19.