A Central Única das Favelas (CUFA/AL) vem construindo um mês de maio muito movimentado quando se fala em ações. Como pontapé inicial, no emblemático dia 1º de maio, aconteceu o encontro entre as lideranças alagoanas com o presidente da CUFA nacional, Preto Zezé, juntamente com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), além de mais dois secretários de sua gestão, para apresentar e fortalecer as ações que, desde 2020, vinham sendo realizadas em diversos pontos de Alagoas. E, assim, firmar uma parceria entre as lideranças da CUFA do estado com o poder público.
Já na semana seguinte, no dia 08, a CUFA Alagoas promoveu o “Dia das Mães das Favelas”. Uma ação que levou alimento, diversão e esperança para diversas mães em vários pontos do estado. Cafés da manhã, sorteios de brindes, rodas de conversa e entrega dos cartões digitais, que funcionaram como “vale cesta básica”, tornaram este dia mais leve em meio a tantas atribulações que as genitoras da periferia sofrem todos os dias.
As ações aconteceram no complexo do Benedito Bentes, em Maceió, na Barra Nova, em Marechal Deodoro, na cidade de Boca da Mata, entre outras localidades. Em todas as realizações, foram mantidos os protocolos de segurança para não promover aglomeração, a fim de evitar a disseminação do coronavírus e, consequentemente, o agravamento da pandemia.
Na ação do Benedito Bentes, foi oferecido um café da manhã completo para as mães, e também foram entregues flores, como forma de ressaltar o lado delicado delas. Em seguida, diversos brindes foram sorteados para as genitoras, partindo para as entregas das cestas básicas e dos cartões digitais. No total, foram 140 cestas e 30 cartões.
– A importância dessa ação é mostrar para essas mães mais carentes que elas não estão esquecidas, que tem pessoas lutando por elas, correndo atrás para elas saberem que vão botar comida na mesa, pois muitas delas não tem o que comer, não tem o que oferecer a seus filhos. E ter uma ação como essa, elas se sentem reconhecidas e ficam felizes por isso – explica Thayse Melo, vice coordenadora da CUFA Alagoas.
Já na cidade de Boca da Mata, foram entregues 100 cartões digitais para 100 mães, que foram divididas em dois grupos, sendo 45 na parte da manhã e as outras 55 na parte da tarde, tudo isso para evitar aglomerações. Além disso, mais de 26 brindes foram sorteados em uma live comandada pelo mágico Tião Mágico, no canal da CUFA Boca da Mata no YouTube, que contou com cerca de 60 mães telespectadoras.
– Foi muito especial e uma honra poder estar de frente e ver tantos olhares alegres, tantos sorrisos alegres e meigos, dessas mães que ficam ansiosas nesse dia tão especial, tão único para receber um elogio, um abraço e um presente de um ente seu. Apesar do pouco tempo que tivemos para nos organizar, foi muito gratificante. Só do fato de você ver essas mães sendo alcançadas e beneficiadas, e você poder ver nos seus olhos a felicidade, para mim foi um experiência incrível, eu não esperava esse retorno todo, porque tem muitas mães que se sentem meio acanhadas, mas a partir do momento que eu chamei elas para cima, elas foram para entrada da cidade e para rua onde moro e fizeram parte desse momento – conta Quevi Miguel, coordenador da Cufa Boca da Mata.
Na ação da Cidade Sorriso 1, foi oferecido um café da manhã com um bolo de 1 metro de comprimento para as mães da comunidade, além de sorteios de vários brindes, um poema recitado por uma das genitoras, e entregas de 120 cestas básicas e 30 cartões digitais.
– Marcou muito na minha vida, como mãe da favela, como coordenadora da Sorriso 1. Essa ação do dia das mães marcou muito, levantou nossa autoestima, ainda marcou profundamente. Tanto é que ainda hoje falamos dessa festa, porque nunca tivemos na nossa comunidade, já que ela é vista pelo poder público como uma comunidade da área vermelha, uma periferia que não tem valor de nada, onde não temos uma escola, um posto de saúde, um CRAS. Aqui não somos bem vistos nem para arrumar um emprego. Viemos da orla lagunar, mulheres marisqueiras, catadoras de material reciclável. Foi bom demais, marcou profundamente. A gente até hoje estamos dormindo com alegria – comemora Vânia Teixeira, coordenadora da Cufa Sorriso 1.
Na Barra Nova, em Marechal Deodoro, as mães foram homenageadas com uma poesia feita por sua coordenadora, Doralice Sampaio, que também ratificou o compromisso da CUFA com a população mais vulnerável. Após esse momento, foram distribuídos brindes alusivos a data. Em todas as localidades, as palavras de ordem dos organizadores era sempre da felicidade e da honra de promover uma ação como essa e de como elas devolveram a dignidade, muitas vezes negada para essas mães, que são pouco enxergadas pelo poder público, e que realizações como essas trazem de volta um sorriso que há muito tempo elas não tinham, principalmente agora com a pandemia.
A Frente Nacional Antirracista (FNA) fez um grande ato de protesto nacional no dia 13 de maio, o dia da “abolição”. O ato contou com a distribuição de cestas básicas nas favelas, comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas.
Um manifesto elaborado pela FNA também foi divulgado. O documento promete denunciar a incompletude da abolição no país, pois a Lei Áurea alterou as relações de trabalho sem criar mecanismos de amparo e inclusão no mercado de trabalho aos ex-escravizados e seus descendentes.
– Escolhemos fazer nossas ações em comunidades quilombolas, ribeirinhas e em favelas, porque são espaços que, historicamente, simbolizam a exclusão. E é a partir desses lugares que acreditamos que devem vir as saídas dos impasses que atrasam o Brasil – disse Priscilla França, representante da Educafro e da Equânime.
Em Alagoas, em função da fome que se alastra nos lares dos moradores de vilas, ocupações, favelas e periferias, foram distribuídas cestas básicas para famílias na Favela Grota da Alegria, Sururu de Capote, Guaxuma e Virgem dos Pobres. Essa foi apenas uma das diversas ações que a CUFA Alagoas já realizou, e que ainda vai realizar, promovendo o reconhecimento das favelas e das pessoas que vivem na comunidade, para que, além de terem o que comer, elas vivam com mais dignidade e sejam enxergadas por todos.
*Por Paulo Canuto.
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