
A decisão do Governo de Alagoas de implementar câmeras corporais nos uniformes da Polícia Militar tem sido bem recebida pela população, que vê a medida como um avanço na transparência e na segurança pública. No entanto, o deputado estadual Cabo Bebeto (PL) se posicionou contra a iniciativa, afirmando que a tecnologia representa “o fim da Polícia Militar” e que beneficiaria apenas criminosos.
Essa avaliação, no entanto, contrasta com dados e experiências de outros estados e com a opinião de especialistas na área de segurança pública.
A adoção de câmeras corporais por polícias em diferentes regiões do Brasil e do mundo tem mostrado redução no uso excessivo da força, diminuição de confrontos desnecessários e maior segurança tanto para os policiais quanto para os cidadãos.
De acordo com o pesquisador e consultor de segurança pública Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “o uso de câmeras corporais tem potencial para reduzir significativamente a letalidade policial e aprimorar a relação entre policiais e comunidades”. Segundo ele, os estados que implementaram essa tecnologia viram melhorias na transparência das ações policiais e na confiança da população.
Em São Paulo, onde o programa “Olho Vivo” adotou câmeras corporais em batalhões da Polícia Militar, houve uma redução de 46% nas mortes decorrentes de intervenções policiais entre julho e outubro de 2022, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Nos batalhões participantes, a letalidade caiu ainda mais, atingindo uma redução de 85% (Fonte: Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).
Em Santa Catarina, dados indicam que o uso das câmeras resultou em uma queda de 61,2% no uso da força pela polícia militar (Fonte: Governo de Santa Catarina).
Cabo Bebeto criticou o fato de apenas policiais militares serem monitorados, enquanto outras categorias, como juízes e promotores, não passam pelo mesmo tipo de fiscalização. No entanto, a natureza do trabalho policial, que envolve abordagens diretas e uso da força, justifica a necessidade de um registro audiovisual.
O especialista Murillo de Aragão, em artigo publicado no portal Migalhas, ressaltou que “as câmeras corporais funcionam como um mecanismo de proteção para os próprios policiais, resguardando-os contra falsas denúncias e garantindo que suas ações sejam documentadas de maneira fiel”.
O parlamentar também argumentou que as câmeras poderiam inibir a atuação policial em situações críticas. No entanto, em locais onde a tecnologia foi adotada, não houve prejuízo na eficiência das ações policiais. Pelo contrário, os registros contribuem para tornar o policiamento mais profissional e técnico, garantindo que as abordagens ocorram dentro dos padrões legais.