Alagoas — Em apenas oito meses – de janeiro a agosto, 33 crimes letais contra mulheres foram registrados em Alagoas, em 2019. Esse número, em comparação ao ano passado, representa aumento significativo. Nos 12 meses de 2018, foram registrados 20 casos de feminicídio em todo o Estado.
De acordo com dados do Núcleo de Estatística de Análise Criminal (Neac) da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/AL), três dos casos registrados no Estado ocorrem em União dos Palmares, cidade da Zona da Mata alagoana, e cinco em Maceió.
Uma dessas vítimas foi a jovem Ingrid Maria de Araújo Floriano, de 20 anos, assassinada com um tiro no pescoço, em União dos Palmares. Ela foi vítima de um atentado ocorrido no dia 1° de abril deste ano. À época do crime, ela foi deixada pelo companheiro no setor de emergência do Hospital São Vicente de Paulo.
Devido à gravidade, ela foi encaminhada para o Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, onde permaneceu internada por quatro dias, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Ela tinha reatado o relacionamento com Vinícius dois dias antes do crime e faria 21 anos no dia em que faleceu.
Próximo domingo (6), completará seis meses desde o assassinato da jovem. Até hoje, o esposo da vítima e principal suspeito, Vinícius Salvino Félix, de 19 anos, não foi preso pelo crime. O delegado Valter Nascimento Rocha, disse à reportagem que o ‘caso não está esquecido’, e que já existe um mandado de prisão expedido contra o acusado.
O mês de janeiro foi o mês mais violento, com oito mulheres assassinadas. Quase 70% delas foram assassinadas a tiros. Ainda de acordo com estatísticas do Neac, foram 781 homicídios em todo o Estado, uma média de quase três vítimas por dia.
+ Zona da Mata de Alagoas registrou 74 homicídios entre janeiro e julho de 2019
Feminicídios no Brasil
No Brasil, o feminicídio aumentou em 4% em 2018 na comparação com 2017 (foram 1.206 casos no ano passado, ante 1.151 em 2017), e a violência sexual (da qual 81,8% das vítimas são do sexo feminino) cresceu 4,1%. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019.
Eles mostram ainda que a maioria das vítimas é pobre – 70,7% tinham no máximo ensino fundamental, enquanto 7,3% tem ensino superior – e negra (61% das vítimas, contra 38,5% de brancas, 0,3% indígenas e 0,2% amarelas). E que em 88,8% dos casos o autor foi o companheiro ou ex-companheiro da vítima.