Estudos realizados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) apontam que o novo coronavírus (SARS-CoV-2), o causador da Covid-19, pode transmitir o vírus e se replicar por meio de células das glândulas salivares. As informações a respeito do resultado das pesquisas foram publicadas no “Journal of Pathology” e republicadas na Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
De acordo com os estudos, as análises de autópsias realizadas em pacientes que morreram devido às complicações da Covid-19, mostraram que as glândulas salivares – tecidos responsáveis pela produção e secreção de saliva – funcionam como “reservatórios” para o coronavírus.
– É o primeiro relato de vírus respiratório capaz de infectar e se replicar nas glândulas salivares. Até então, acreditava-se que apenas vírus causadores de doenças com prevalência muito alta, como o da herpes, usavam as glândulas salivares como reservatório. Isso pode ajudar a explicar por que o SARS-CoV-2 é tão infeccioso – destaca um dos primeiros autores do estudo, Bruno Fernandes Matuck, doutorando na Faculdade de Odontologia da USP.
As biópsias foram realizadas em 24 pacientes com idade média de 54 anos, que morreram em decorrência das complicações do vírus. Nos estudos, foram extraídas amostras de tecidos das glândulas parótida, submandibular e menores, que foram submetidos à análise. Os pesquisadores observaram que, em mais de dois terços das amostras, foi identificada a presença do vírus.
– Observamos vários vírus aglomerados nas células das glândulas salivares, um indicativo de que estão se replicando em seu interior. Não estavam presentes nessas células passivamente – disse o pesquisador. Com os resultados obtidos nos estudos, os pesquisadores pretendem avaliar agora se a boca é um ponto de entrada para o novo coronavírus em humanos.
